sábado, 16 de agosto de 2014

Junta Patriótica do Norte em Famalicão


Formada logo a seguir no Porto à declaração de guerra, tendo como fim a propaganda patriótica, a qual teve como objectivo a mobilização, a Junta Patriótica do Norte realizou em V. N. de Famalicão no dia 26 de Março, segundo o título do “Estrela do Minho”, uma “Conferencia Patriotica”, às 15h00, no Salão Olímpia, com a presença de José Maria de Oliveira, Mário de Vasconcelos e Sá, Ribeiro Braga e o académico Alexandre Córdova. Ao mesmo tempo, e no mesmo dia, a Junta Patriótica do Norte fazia várias conferências em algumas vilas e cidades do norte do país, nomeadamente Ovar, Penafiel, Amarante, Ermesinde, Valadares, Paços de Ferreira, Santo Tirso, entre outras, tendo realizado já algumas no Porto. Os famalicenses liam que “como sempre a nobre cidade do Porto, logo em seguida à declaração de guerra da Alemanha a Portugal e por iniciativa dos seus homens mais eminentes, resolveu promover conferências patrióticas em todo o norte do país.” Mais à frente: “Dá-nos a Junta Patriótica do Norte um belo acto de civismo, de amor pátrio, que deve ser secundado com núcleos em todas as vilas e cidades, pois trata-se da defesa e da honra da Pátria comum ameaçadas.” Faz-se um apelo à participação dos famalicenses, os quais conhecem a comissão nomeada para receber a delegação da Junta Patriótica do Norte, constituída por Carlos Filipe Pereira Bacelar, administrador do concelho; Zeferino Bernardes Pereira, presidente da câmara; José de Azevedo e Menezes, Daniel Augusto dos Santos, Álvaro Mendes Côrte-Real e Ernesto Lopes Guimarães. Um dos propósitos do editorial a que tenho feito referência, a constituição, do dia 26 de Março, de uma sucursal da Junta Patriótica do Norte em V. N. de Famalicão, teve a sua efectivação no mesmo dia. De facto, a Comissão Municipal de V. N. de Famalicão da Junta Patriótica do Norte ficaria assim constituída: Duarte Vasco de Magalhães Aguiar, Delfim de Carvalho, Ernesto Lopes, Jaime Valongo, Álvaro Côrte-Real e Alfredo Costa. O que se passou nesse dia, sabemos pelo editorial de 2 de Abril, estando o Salão Olímpia “com uma enorme concorrência de pessoas de todas as classes sociais”, começando a sessão pelas 15h00 da tarde, conforme o programado. Abriu a sessão Carlos Bacelar, propondo para a presidência da mesa José de Azevedo e Menezes, que proferiu as seguintes palavras: “muito reconhecido, agradecer a prova de consideração que a assembleia lhe deu, escolhendo-o para aquele lugar. Saúda os oradores que se inscreveram, louva a missão altamente patriótica que se impuseram e termina da seguinte maneira: «desde a beligerância entre Portugal e a Alemanha é um facto, todos os partidos políticos se devem unir, abatendo bandeiras partidárias e erguendo bem alto a bandeira da pátria, que deve pairar acima de todas as outras.» Dos discursos seguintes, os famalicense leram os seguintes resumos: “O sr. dr. José Maria de Oliveira, falando em seguida, mostra a urgente necessidade da nossa preparação militar. Refere-se ao auxílio que Portugal tem prestado à nossa aliada, a Inglaterra, cedendo-lhe armas e munições. Diz que o bondoso povo do Minho há-de saber mostrar que ama a sua Pátria, e diz finalmente que, para completa união sagrada, se devem respeitar as suas crenças religiosas. / O sr. dr. Mário de Vasconcelos e Sá alude à crise das subsistências e afirma que a Junta Patriótica do Norte trabalha para que dentro em breve haja milho necessário para consumo do povo. / Entra depois no assunto da beligerância luso-germânica, que tratou brilhantemente. / O sr. Alexandre de Córdova fala em nome da Academia do Porto, recebendo no final do seu discurso fartos aplausos. / Por último, falou o sr. dr. Domingos Ribeiro Braga, professor do Liceu Alexandre Herculano, do Porto. / Foi um belo discurso de que não podemos dar uma pálida ideia. O orador, muitas vezes interrompido com ruidosas salvas de palmas, falou com grande erudição e entusiasmo.” O “Estrela do Minho” publicaria quatro manifestos da Junta Patriótica do Norte, intitulado “Ao Povo Portuguez”, respectivamente em 21 de Maio, em 4 de Junho, em 24 de Junho e, finalmente, em 2 de Julho.


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