terça-feira, 23 de abril de 2013

República em V. N. de Famalicão

 
 
Entre finais de 1924, na organização de mais uma Comissão Municipal do Partido Democrático, ano em que se assiste a um desencanto das hostes democrático-republicanas de V. N. de Famalicão, o ano de 1912 (a fase da hegemonia), os anos de 1905 a 1907 (um tempo de reorganização partidária) e os anos de 1895 a 1897 (de intensa propaganda), um longo caminho percorreram os republicanos famalicenses até à sua consolidação, entre cisões e conflitos, esperanças e desalentos.

 
Se, num primeiro momento, com o jornal “A Egualdade” (1885), uma aventura republicana, transitando os seus fundadores para o Partido Progressista e para o Partido Regenerador, a “Nova Alvorada” (1891-1903), encarnando o espírito comemorativo dos republicanos nacionais, “O Porvir” (1895-1897, 1906-1907 e 1910-1913), ambos os periódicos fundados por Sousa Fernandes, o último o órgão da comissão municipal dos republicanos famalicenses, as homenagens africanistas a Mouzinho de Albuquerque em 1896 e em 1898, a propósito da sua viagem a Braga, e a homenagem a José Falcão (1896), a qual partiu de Gonçalves Cerejeira, publicando sob uma subscrição pública “A Cartilha do Povo”, a participação no Centro Republicano de Estudos Sociais (1896), o apoio a Álvaro de Castelões em 1897 (candidato a deputado pelo Partido Progressista), a reorganização entre 1905 a 1907, a inauguração do Centro Republicano Dr. Bernardino Machado (1909), e, num segundo momento, agora no poder, quais missionários porque crentes para a regeneração da sociedade portuguesa no antes e no após a implantação da República em Portugal em 1910, o ano de 1912 marca precisamente, até 1917, a fase hegemónica dos republicanos-democratas famalicenses, com a assembleia-geral realizada no Hotel do Carmo, apesar das tentativas couceiristas e, mais tarde, monarquistas, as primeiras cisões do Partido Republicano em 1911 com incidência em V. N. de Famalicão, existindo a tentativa de organização da União Nacional Republicana, da Comissão Municipal do Partido Republicano Evolucionista (1912) e do Partido Unionista (1913), os democráticos perdem as eleições em 1917, frente a uma “Lista Conservadora, Lista de Competências”, com conservadores, monárquicos e evolucionistas, organizando-se os monárquicos em 1915 o Centro Monárquico de Famalicão, os quais tinham voz teórica em jornais como “Novidades de Famalicão”, “O Famelicense”, a “Desafronta” e “A Paz”, são percursos identitários na construção da comunidade.
 


Por seu turno, e na fase pós-sidonista e da Monarquia do Norte, surge um novo folgo em 1920 com a criação do Centro Republicano do Calendário, fomentando não só conferências como acções de solidariedade social, agrupando agora à sua volta as comemorações não só do 5 de Outubro, como igualmente as do 13 de Fevereiro, num apelo constante à união republicana. V. N. de Famalicão acompanha, uma vez mais, as cisões e as sub-cisões nacionais dos partidos, surgindo a organização das mais variadas comissões municipais pós-sidonistas, a saber, Partido Republicano Conservador (1919), a tentativa da organização da Frente Nacional Patriótica (1920), Partido Republicano Liberal (1920), Partido Republicano Nacionalista (1923) e o Partido Republicano Radical (organização municipal não sem conflitos), são outros momentos do Partido Democrático em V. N. de Famalicão tem de enfrentar.


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