quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Macau, Camilo e Silva Mendes


Hoje tive a grata satisfação de receber mais umas ofertas macaenses de Rogério Beltrão Coelho, entre as quais estes três tomos "De Longe à China", numa viagem por Macau entre a literatura e a história. Já aqui tinha feito referência de que não conhecíamos estes volumes. Hoje, folheei, com grato prazer, estes e outros títulos que me chegaram, e desconhecia o texto de Camilo Castelo Branco que se chama "Madame de Paiva". Publicado pelo Instituto Cultural de Macau  no já ido ano de 1988, e com a coordenação de Carlos Pinto Soares e de Orlando Neves, dizem os respectivos coordenadores de Camilo perante Macau que "Camilo não escreveu sobre Macau, nem talvez a região lhe tenha, alguma vez, despertado qualquer interesse [...] Mas, um dia, ele escreveu uma crónica (género em que atingiu um dos pontos altos da sua escrita) em que abordava uma personagem nascida em Macau e caracteriza como tal." Mais do que crónica, estamos perante um daqueles contos de Camilo que tem a sua mestria de narrador inconfundível e único. Da personagem macaense´, o perfil é o seguinte: "Paiva Araújo nascera em Macau e era filho único de um negociante rico, ali falecido por 1824. Quando o pai morreu, Paiva Araújo estava em Paris num colégio. A viúva veio para a Europa e, para residir, escolheu o Porto, onde não conhecia alguém. Mandou edificar uma casa perto da Alameda da Aguardente, mobilou-a com muito gosto e selecta riqueza de baixelas de ouro e prata, jarrões japoneses e porcelanas antigas. Fechou-se com o seu misterioso luxo de fada, sozinha, quase desconhecida de nome e de pessoa. Chamavam-lhe a Macaense." (II, 537) Depois, para além dos texto do Conde de Arnoso - "Em Macau" - e de António da Silva Rego - "O Estabelecimento de Macau" - surge-nos igualmente no mesmo tomo os dois de Manuel da Silva Mendes, a saber, "O Ensino da Língua Portuguesa em Macau" e a "A Cidade de Macau", publciado no "Jornal de Macau" em 1929; e de Macau diz-nos Mendes que "hoje, não é uma cidade portuguesa nem é uma cidade chinesa." É um texto belíssimo.

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