segunda-feira, 5 de março de 2012

o estranho caso de benjamin button

para além das aparências e preconceitos sociais, temos um fitzgerald no seu melhor, como um grande contador de histórias. da informação na contra-capa, podemos ler que o conto em questão nasceu de uma obervação de mark twain, em que este lamentava que a melhor parte da vida fosse no início e a pior no fim. para além disto, este livro e este filme, talvez o melhor de brad pitt enquanto actor, quer o livro e o filme fazem-me lembrar santo agostinho quando ele questiona sobre o que poderá ser o tempo. diz-nos ele: "se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. porém, atrevo-me a declarar, sem receio de contestação que, se nada sobrevivesse, não haveria tempo futuro, e se agira nada soubesse, não existia o tempo presente." mas a questão não fica por aqui e continua com a seguinte questão: "de que modo existem aqueles dois tempos - o passado e o futuro -, se o passado já não existe e o futuro ainda não veio?" eis a resposta do nosso percursor filófoso católico da existência: "quanto ao presente, se fosse presente, e não passasse para o pretérito, já não seria tempo mas eternidade. mas se o presente, para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele existe, se a causa da sua existência é a mesma pela qual deixará de existir? para que digamos que o tempo verdadeiramente existe, porque tende a não ser?" a esta ques~tão, agostinho diferencia o tempo longo e o tempo breve. mas mesmo estes dois tempos têm a seguinte problemática: como pode ser breve ou longo o que não existe? a resposta é a seguinte: "o passado já não existe e o futuro ainda não existe" porque não dizemos é «longo», mas dizemos do passado «foi longo» e do futuro «será longo». benjamin button é a personificação daquilo que é longo, enquanto nascimento precoce do fim, e «será longo» pela vida que percorre, até ao nascimento estabelecido para um novo ressurgimento.



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