sexta-feira, 14 de outubro de 2011

os absurdos de um país estagnado




Passos e Pilatos

O primeiro paradoxo é, incontestavelmente, o próprio discurso de Passos Coelho: medidas extraordinárias que ultrapassam as da própria troika, justificando com o possível colapso social. O discurso, diga-se, foi uma cto de desespero, tendo servindo uma coragem ficcional para a transmissão do mesmo discurso. Ao mesmo tempo, não apresentou medidas concretas para o desenvolvimento do País, as quais deveriam ser outras: a teoria, muitas vezes, não se aplica à prática. Os nossos ministros podem ser bons teóricos e académicos, mas na prática, as teorias, ficam descontextualizadas.
O segundo paradoxo é a injustiça social da aplicação das mesmas medidas. Não é a primeira vez que este o faz. Mais uma vez, a função pública, ao longo de vários governos sucessivos, desde a esquerda social, passando pela direita conservadora, é o bode expiatório; e se é necessário uma reestruturação da administração pública, o que tem acontecido em algumas fusões e fins de instituições estatais, tem sido uma cegueira governamental: às vezes, a cegueira pode ser perigosa. Durão Barroso fez o mesmo, quando chegou ao poder: nunca Portugal soube os resultados práticos das eliminações e fusões das instituições estatatais do tempo de Durão. Por outro lado, se todos deveriam contribuir para a resolução dos problemas do País, todos devem contribuir, não havendo excepções à regra, ninguém devia ser excluído.
Terceiro paradoxo: Passos Coelho, de uma forma ingénua, está a ser Pilatos: quando nos diz que o orçamento é dele, mas não o déficit, está a lavar as mãos, prometendo que vai procurar para justificar as medidas que vai aplicar, os responsáveis pelo mesmo déficit. O déficit é histórico. Estamos perante uma falta de ética da responsabilidade ainda mais ficcional. Kafka adivinhou esta mosntruosidade absurda e institucional. O editorial do jornal "Público" de hoje a dada altura, e já quase na parte final, diz-nos o seguinte: "Na estratégia de desespero que anunciou, Passos sabe que joga as últimas cartas. Não terá outra oportunidade para mudar tanto em troca de tão pouco. O princípio do fim? Não podemos ficar indiferentes.

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